Sonetos aos pés de Deus I

Eu bato, eu bato, eu bato à tua porta,
bato sem ver que a porta está aberta.
Sem ver-te, sei, tua presença é certa,
e tento orar, mas minha voz é torta.
A luz que vem de ti em dois me corta,
e do que fui e sou outro desperta.
Não posso, assim, a ti dar-me em oferta,
pois já nem sei que ser meu ser comporta.
Tudo o que busco dás, dás de sobejo,
pois sabes mais do que eu o que desejo,
e estás comigo e em mim, sempre a meu lado.
Comigo estás na paz e nas pelejas.
Por tudo o que me dás louvado sejas,
por tudo o que não dás sejas louvado.

Sem comentários:

Enviar um comentário