Deuses que resguardais lá das celestes grutas
os campos de que sou senhor e há muito lavro,
vede, se eu os semeio é fatal colher frutas
que para preservar, delas me faço escravo.
Ó deuses que me dais arriscar minha sorte,
que pouco é, quando o alcanço, o que espero ou procuro!
Como erigi no azul para a alma um contraforte,
do castelo que ergui resta ao menos um muro.
E da glória de amar resta ao menos um traço
do jardim a que dei todo o suor do rosto
e de onde as flores, quando eu perto delas passo,
fecham-se como a ver o espectro do sol-posto.
Deuses, se atiro os grãos a terra se sujeita.
Ó deuses, que há de ser ao tempo da colheita?
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