Os montes, ei-los. O verde
onde dormíamos. Que paz!
Que impossível! Se os buscamos,
recuam os horizontes.
Detê-lo, o carro luminoso.
Inútil: o dia prossegue.
Nas mãos, na bola de cristal,
pelo avesso o que hoje
é sonho, e em tantas
direções (não a que peço
e quero ... outras)
se perde meu destino.
E penso, pálido prisioneiro,
penso. E quanto mais sobes,
pensamento, mais preso
estou à terra.
Suaves, as nuvens fogem.
Para onde? Para onde
irão, lúcidas estradas
em vôo, os pensamentos?
Baixassem, nuvens, errante
me levassem, a alma.
Quero fugir, buscar
- até que o encontre -
o que não creio,
mas quero.
Se há deuses, me chamem.
Estou cansado e mais suave
quero o sono. Tenho fome.
Dos frutos, os proibidos,
dai-me o sabor. Que sede!
Dai-me a beber o amor,
a plenitude, e antes do sono
o pensar na vida sem dizer:
merda! merda! Dai-me o vinho
com que não me esqueça, mas cole-me
asas. Pois estou cansado.
Suavemente, as horas
fogem. Quando não mais
vivê-las, as horas fugirão
ainda. E o que me espera?
Nada, o nada. Que apelos
de amor, de vida: o nada.
Incompleta é a vida, sei,
mas são tantas as águas
da eternidade, que jorram!
Dai-me a beber, ó Deus,
ó deuses. E se há deuses,
não me abandonem.
Sem comentários:
Enviar um comentário