A maneira de andar,
como quem busca
estrelas pelo chão.
A cabeça a dar contra os muros.
Em cada olho, o mundo como um punhal
- cravado.
O pensamento a abrir estradas
numa várzea distante.
Os ângulos do sonho formando orlas
povoadas de fêmeas
que a meu encontro viriam
do outro lado, em lânguidas posturas.
Diante do mar, a sede, a sede,
de beber a vida em infinita viagem.
As garras do gato ante paredes impostas.
A impaciência de que chegue a manhã e a praia,
a tarde e o amor.
A maneira de andar
como a fugir dos homens
- e tê-los contra o peito.
O pensamento a tirar pedras
contra as vidraças
que guardam os produtores frios
de injustiças.
O coração que bate
ao som de fábulas.
Que bate
contra rochedos mortos
numa praia de cinza
onde palpita o primeiro amor.
O coração eterno.
A amor eterno
que bate.
A alegria! A alegria!
Íntima, espantada de si mesma, gloriosa
como palmas a se abrirem aos quatro ventos,
a alegria de sentir-me vivo, a alegria
de bicho do mato, criança, dominada,
eterna.
Ser eu.
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